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quarta-feira, 17 de junho de 2020

Atividade para as turms de 2° A e B Vespertino - Professora Camila Miranda


Em tempos de Twitter, WhatsApp, Instagram, trabalhar um gênero que exige fôlego, como Artigo de opinião, pode ser um contraponto importante para estudantes de 3o ano do Ensino Médio, às voltas com vestibular, consolidação de identidade, conquista de autonomia e outras tantas travessias rumo à fase adulta.
Para escrever um artigo de opinião relativo ao lugar onde vivem, os jovens autores deste capítulo percorreram uma maratona, daquelas que, se não preparam para vida, é certo que dão boas pistas. Tudo começa com a identificação de um tema polêmico, passa pela busca de fontes consistentes, a coleta e o confronto de informações e a escolha de um posicionamento. Por fim, vem a composição do texto em si, que deve trazer argumentos contundentes o suficiente para, no mínimo, provocar no leitor a reflexão e, no máximo, contribuir para formação de opinião em um amplo debate democrático.
As páginas seguintes trazem questões de gênero; liberdade de expressão nas escolas; uso indiscriminado de agrotóxicos; poluição nos rios e atividade mineradora; respeito a refugiados, indígenas e quilombolas; monocultura e impacto ambiental; gestão e gastos públicos; violência contra os animais; e intolerância religiosa. O que não falta é polêmica e opinião – e muito pano para manga, caro leitor!

ATIVIDADE:

Ainda seguindo nossa linha de raciocínio da semana passada, busque nos textos abaixo as referências que os autores utilizaram. Identifique e anote em seu caderno: que tipo de dados, informações e conceitos - importantes para dar credibilidade ao texto - foram explorados pelos autores.

TEXTO 1

(DES)INTERIORIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR: REDUÇÃO DE GASTOS OU AMPLIAÇÃO DA DESIGUALDADE? 

Gilberto Gonçalves Gomes Filho 

“Soletrando”. A priori, o significado do gerúndio parece óbvio, e, segundo o “Dicionário Aurélio”, significa “ler, pronunciando separadamente as letras e juntando estas em sílabas”. No lugar onde vivo, contudo, essa palavra é carregada de memórias e constitui motivo de orgulho para a população, pois o primeiro campeão do Concurso Soletrando, da Rede Globo de Televisão, foi Aurélio. Não o escritor do dicionário, mas o aluno, igualmente apaixonado pela gramática, natural da pequena Goianésia, localizada no norte goiano e marcada pelos traços típicos do interior.
Histórias como a de Aurélio mostram o poder revolucionário da educação e inspiram os jovens goianesienses. Todavia, uma notícia recente disseminou desesperança àqueles que veem na educação a possibilidade de transformação social. Foi anunciado o fechamento da Universidade Estadual de Goiás (UEG) – Campus Goianésia.
Criada pela Lei no 13.456, de 16 de abril de 1999, a UEG é a única instituição públicade Ensino Superior do município. Sua formação relaciona-se ao Processo de Interiorização no Ensino Superior em Goiás, que buscou, durante a década de 1980, facilitar o acesso à universidade daqueles cuja rotina estava fora do ciclo das grandes cidades. Paradoxalmente, penso que houve uma inversão desse pensamento, pois a conjuntura atual propõe novamente a concentração do saber ao determinar a extinção de quinze campi.
Para o reitor Dr. Ivano A. Devilla, a necessidade do fechamento decorre do esgotamento orçamentário e financeiro destinado à manutenção do campus, que expandiu-se exageradamente, a ponto de não conseguir manter-se em bom funcionamento. Assim, as medidas propostas pela equipe gestora, constatadas no RELATÓRIO No 1 / 2019 COLEGIADOS – 16136, publicado em 2 de maio de 2019, devem ser postas em prática urgentemente. Tais ações incluem a progressiva extinção decursos, bolsas para pesquisa, verbas para projetos e a demissão de funcionários.
Endossando a postura da reitoria, parte da população goianesiense afirma que a crescente oferta de bolsas pelas universidades particulares do município torna a permanência da UEG irrelevante. Em contrapartida, outra parcela defende sua continuidade, visando aos benefícios que ela promove. Desse modo, instaurou-se a polêmica.
Particularmente, creio que a busca pelo fortalecimento da UEG a partir da reestruturação de cursos e da otimização dos custos relativos à manutenção são atitudes necessárias à sobrevivência da instituição. Porém, o seu fechamento não é a decisão mais viável, pois suas consequências seriam desastrosas.
Outrossim, vale destacar que, segundo dados do Campus Goianésia, cerca de 620 alunos estão atualmente ingressos. O perfil desses estudantes, quase em sua totalidade, mostra que são de escola pública e possuem situação socioeconômica desfavorecida. Com o possível fechamento da instituição, qual opção restará à média dos estudantes de Goianésia que, assim, como eu, não têm condição de deslocar-se para outra cidade a fim de concluir o Ensino Superior? Além disso, a UEG atende a outros dez municípios, o que mostra sua importância para toda a região. Dessa forma, é indiscutível que, sem a universidade, o sonho de muitos jovens seria extinto, assim como propõe a Comissão de Redesenho da Universidade.
Ademais, o papel exercido pela UEG na formação de professores é notório. Egressos dos cursos de Pedagogia, História e Letras atuam na educação goianesiense, fortalecendo-a, o que é comprovado pelos bons resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que chegam até 8,6, segundo dados de 2017 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Dessa maneira, acredito que o Campus Goianésia deve ser mantido em detrimento de qualquer fator externo. Assim, como pontua a diretora da instituição, Profa. Ma. Maria das Graças B. Silva: “Fechar um campus é eliminar a oportunidade de acesso à educação para o jovem do interior”. Desse modo, clamo para a continuidade da instituição em nossa cidade, para que tantos outros “Aurélios” escondidos sejam reconhecidos por nós e pelo mundo.

Professora Patrícia Nara da Fonsêca Carvalho CE Jalles Machado, Goianésia-GO

TEXTO 2

OS FINS NÃO PODEM JUSTIFICAR OS MEIOS 

 Vitória Vieira Pereira de Jesus 

Vivo em Cândido Mota, uma pequena cidade localizada no interior de São de Paulo, com cerca de 30 mil habitantes. Economicamente, a cidade depende muito da agricultura, e se destaca na região do Vale do Paranapanema por possuir terras roxas e solo fértil. Segundo a Secretaria de Agricultura de Cândido Mota, cerca de 75% da área territorial do município é destinada às lavouras, as quais, costumeiramente, produzem bem, garantindo a sobrevivência, direta ou indireta, de todas as famílias que vivem por aqui. Dessa forma, é evidente que a agricultura é responsável pelo desenvolvimento do município; entretanto, a notícia da liberação de novos agrotóxicos tem preocupado a população que teme pelo meio ambiente e pela saúde dos munícipes.
Primeiramente, é importante contextualizar de onde surge a preocupação dos cândido-motenses. Em pouco mais de seis meses, o Governo Federal anunciou a liberação de 239 novos agrotóxicos, sendo que alguns deles já foram proibidos há quinze anos pela União Europeia devido à alta toxidade. Assim sendo, tal medida é totalmente desnecessária, uma vez que o Brasil é referência mundial em produção agrícola em grande escala com os agrotóxicos já utilizados. Devemos levar em consideração também os danos à saúde que tais produtos causam, sobretudo quando aplicados indevidamente, o que é muito comum em Cândido Mota, pela falta de orientação e fiscalização.
Ademais, segundo o Greenpeace, os novos produtos contêm glifosato, substância potencialmente cancerígena de acordo com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês). Essa informação, sem dúvida, tira o sono da população da minha cidade, afinal, teremos mais produtos altamente tóxicos disponíveis no mercado que poderão ser utilizados pelos agricultores; e poderão contribuir para o aumento de doenças, sobretudo o câncer, que vitima muitas pessoas em Cândido Mota.
Por outro lado, devo reconhecer que a liberação dos novos agrotóxicos trará grandes benefícios aos agricultores, uma vez que os agroquímicos contribuem para o aumento da produção, potencializando a economia e promovendo o desenvolvimento da cidade. Ainda reconheço que a liberação proporcionará maior concorrência no mercado, oportunizando melhores preços, assim sendo, diminuindo os custos de produção e, consequentemente, aumentando o lucro dos agricultores.
Mesmo diante das vantagens elencadas acima, sou totalmente contra a liberação de mais agrotóxicos, pois tenho a certeza que trarão prejuízos irreparáveis ao meio ambiente, como a contaminação do solo, do lençol freático, entre outros; e também à saúde dos seres humanos, os quais podem sofrer com intoxicações ou até mesmo com doenças mais graves, como o câncer.
Minha opinião poderia ser outra se eu tivesse a garantia de que os agricultores fossem utilizar os novos agroquímicos de forma adequada ou que ao menos o Governo fosse garantir a qualidade dos alimentos que chegam à mesa do consumidor; contudo, nada disso é certo. Aos agricultores faltam informações técnicas e ao Governo mais seriedade. É inadmissível a negligência do Estado, que não fiscaliza periodicamente as taxas de agrotóxicos presentes nos alimentos que chegam até o mercado, fazendo com que muitos consumidores adquiram produtos com alta toxidade. A própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária, através do seu ex-diretor, Luiz Claudio Meireles, afirma que o último relatório sobre riscos de contaminação dos alimentos foi publicado apenas em 2016. Dessa forma, não posso concordar com essa cilada que beneficia alguns e prejudica muitos.
Portanto, antes de liberar novos agrotóxicos é necessário que o Poder Público cumpra com o seu papel de garantir e zelar pelo meio ambiente e pela saúde de sua população, proibindo agrotóxicos com alta toxidade e fiscalizando a aplicação dos existentes. Ainda, cabe ao Governo investir em pesquisas e alternativas sustentáveis para o controle de pragas na agricultura, tal como áreas de refúgio, que quando utilizadas podem diminuir a aplicação de agrotóxicos. Assim, minha querida Cândido Mota continuará se desenvolvendo sem precisar destruir o meio ambiente e vitimar sua população.
Professor Alexandre Marroni ETEC Prof. Luiz Pires Barbosa, Cândido Mota-SP

Referência:
https://www.escrevendoofuturo.org.br/arquivos/9161/textos-finalistas-2019.pdf

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