VAMOS
FALAR SOBRE RESENHA...
A resenha crítica e o resumo são bastante
comuns no dia a dia de quem estuda. Seja no ensino fundamental, seja no ensino
médio, em universidades ou em cursos livres, esses gêneros textuais marcam presença.
Resumos são textos que evidenciam os
aspectos mais relevantes de determinada obra.
Falamos um pouco sobre resumo na atividade
passada!
Resenha
A resenha é um texto que avalia e apresenta o
conteúdo de obras já finalizadas, ou seja, é uma análise de determinada
produção, seja ela uma obra literária, seja um filme, uma obra de arte, um
artigo científico etc.
É importante
destacar que na produção desse conteúdo é preciso fazer uma análise crítica
sobre o documento solicitado, sem deixar de mencionar os aspectos positivos e
negativos.
Portanto, a resenha crítica é um texto informativo,
mas que contém detalhes opinativos do autor, sendo bastante solicitado na área acadêmica.
Diferença
entre resumo e resenha:
O resumo caracteriza-se
por ser seletivo, objetivo e isento de comentário/julgamento de quem o produz.
Já a resenha crítica, obrigatoriamente, apresenta análises do resenhista.
Uma resenha deve conter os três elementos básicos: introdução,
desenvolvimento e conclusão.
Introdução
·
Deve-se
deixar claro qual é o objeto que está sendo analisado (um livro? Um filme? Um artigo?,
etc).
·
Também é
importante contextualizar o assunto sobre o qual se fala, por exemplo, no caso
de um livro, deve-se trazer dados como: nome do autor, título, editora, local e
ano da publicação e número de páginas.
·
Você
também pode argumentar sobre a importância do assunto visando orientar a pessoa
que vai ler seu texto.
Desenvolvimento
·
Ao desenvolver a
resenha deve-se observar as ideias e argumentos principais trazidos na obra.
·
Pode ser feito um
breve resumo mais objetivo para facilitar a organização das ideias centrais.
·
O desenvolvimento
exige a capacidade de articular as ideias da obra analisada com as do autor da
resenha.
·
Você não deve se
preocupar em bajular ou atacar diretamente a autoria, mas sim em apresentar
argumentos que contextualizem suas ideias.
Conclusão
·
O enfoque da
conclusão deverá ser a sua opinião de forma mais direta.
Você pode focar em aspectos como:
Você pode focar em aspectos como:
- Qualidade
e originalidade da obra;
- Benefícios
proporcionados;
- Qualidade
da linguagem utilizada, ou as dificuldades encontradas;
- Se
a obra tem fácil acesso;
- Pontos
mais relevantes e/ou necessários;
- Aspectos
desnecessários e/ou irrelevantes.
·
Tente se colocar
no lugar de quem vai ler para saber investir a sua atenção nos pontos mais
importantes.
·
Já que será um
texto curto, é melhor que ele tenha informações suficientes e relevantes.
VEJAMOS
ALGUNS EXEMPLOS DE RESENHA:
RESENHA
DE FILME
Confira a resenha do filme que
quebrou barreiras entre o debate social e o audiovisual mainstream.
O início é digno de um conto de
fadas: um pai conta a seu filho a história de sua terra natal, Wakanda, onde
cinco tribos viviam em discórdia até se submeterem a um forte guerreiro que
possuía os poderes da Pantera Negra, considerada uma espécie de
divindade. E assim, em uma das animações mais bonitas que já vi, o novo
filme da Marvel dá partida a uma produção de fotografia linda, cheia de cores e
paisagens vivíssimas.
Pantera Negra conta a história de um
herói africano que vivia em um país isolado, rodeado por tecnologia avançada.
Todavia, após a aparição de um vilão carregado de mágoas e cicatrizes – em
todos os sentidos – a segurança da nação é ameaçada.
Mais do que um filme de super-herói, Pantera
Negra discute temas importantes que, em geral, ficam reclusos a
debates entre os afetados e negligenciados pela sociedade; como o racismo
estrutural velado, a emancipação feminina e a ajuda ao outro, colocando sua
exposição em jogo. Ryan Coogler dirigiu o filme de forma que
tudo isso fosse exibido de forma leve e natural.
Os Panteras Negras dos anos 60 constituíam o partido
homônimo que, em tempos de segregação racial nos Estados Unidos, lutavam por
seus direitos civis sem justificarem seus meios, leia-se a partir do uso da
violência também, inclusive como forma de proteção a atuação agressiva e invasiva
da polícia – que, quase 60 anos depois, continua matando mais negros do que
brancos. E não é só nos EUA não: no Brasil, a cada 100 mortos, 71 são negros,
de acordo com o Atlas da Violência de 2017. Essa herança maldita é traço
presente no antagonista do filme, que clamava vingança pelos seus ancestrais e
por tudo que os negros sofreram desde o período colonial.
“Jogue-me no oceano com meus antepassados que
pularam dos navios, porque sabiam que a morte era melhor do que a escravidão.”
Apesar de contraditório, devido a
forte conotação política dos militantes, o filme aborda outras soluções para
esses conflitos. De acordo com Wes Machado, estudante de teatro e
coordenador geral do Diretório Acadêmico Pagu de Artes da Universidade
Anhembi Morumbi, o antagonista, representado por Michael B. Jordan, é na
verdade um mero reflexo do sistema; um homem que carrega uma herança histórica
e assume uma posição de revolta.
Já era tempo de Hollywood
realizar uma produção em que não só a maioria dos atores são negros, como
também a maior parte da equipe. É raro ver um filme blockbuster em
que alguma minoria ganhe um papel além do coadjuvante engraçado ou
marginalizado e estereotipado, mas que ocupe uma posição de protagonismo e,
finalmente, de maioria.
RESENHA
DE LIVRO
Uma leitura obrigatória para todo
estudante que queira prestar vestibular, O Cortiço é um
romance escrito por Aluísio de Azevedo (1857-1913), que além de escritor, foi
jornalista, caricaturista, diplomata, cronista e pintor. O autor vivia em um
contexto histórico no qual o país sofria com um grande crescimento demográfico,
que é onde se inicia as construções de cortiços.
Outra característica marcante do
final do século XIX foi o fortalecimento da sociedade burguesa, industrial e
materialista, e também onde os métodos científicos e as ciências naturais
começam a evoluir. E é rodeado deste contexto e destas influências que surge o
romance naturalista O Cortiço.
A história se passa em um bairro
de periferia da cidade do Rio de Janeiro nos fins do século XIX, e toda a
história acontece em torno de várias casinhas precárias e pobres, mais
conhecidas como cortiço, que dá o nome à história.
João Romão, a personagem
principal, em sua adolescência trabalhava como empregado de um vendeiro, e este
mesmo, ao vir a falecer, deixa para seu empregado não só o que lhe devia em
quantia como também sua venda com tudo o que havia dentro. Assim,
inicia-se a história de João Romão, que se torna o vendeiro mais esperto e
astuto da região.
O livro é recheado de personagens
e cada uma delas vive um drama diferente. Ele retrata paixões, injustiça
social, escravidão velada, os preconceitos à classe social e racial, adultério,
homossexualidade, prostituição e destruição da família. E a figura feminina
acaba ganhando grande destaque nas histórias mais marcantes da obra. João Romão
enriquecia por meio de trabalhos realizados por outros e a grande maioria
desses trabalhadores ou colaboradores eram as mulheres que viviam em seu
cortiço.
A visão naturalista absoluta da
história relata a verdadeira situação da época. A reformulação da sociedade
brasileira com o intuito de obter “ordem e progresso”, o crescimento do
proletariado e das cidades, e a consolidação do poder da burguesia que lutava
contra os operários manifestantes.
Isto fica bem claro no trecho
onde João Romão é abordado por um trabalhador que busca melhoria em seu
salário: insatisfeito e com conhecimento do crescimento financeiro de João
Romão, não aceita ser explorado, visto que o português não mede esforços para
conseguir o que deseja, enganando e mentindo caso seja preciso.
A supervalorização do sexo, o
desejo sexual e a exploração do homem sobre a mulher ficam bem explícitos nas
personagens apresentadas e das mais variadas. Para a época, algo diferente e
inusitado, daí temos: Bertoleza uma escrava que pagava mensalmente o que
“devia” a seu patrão; Léonie uma prostituta que em determinado momento inicia
outra personagem em sua vida de prostituição e homossexualismo; Rita Baiana,
uma mulata extrovertida, que vivia nas diversões noturnas; Leocádia, a esposa
adúltera; Florinda, a adolescente grávida e sua mãe Marciana, que enlouquece
com a situação; entre tantas outras personagens bem características.
O Cortiço de Aluísio Azevedo é apenas
um relato do que acontece e como são variados e muitos outros cortiços que
existiram e ainda existem, em que o grupo feminino “incendeia e movimenta” o
convívio social.
O texto “As marcas da
sedução em O Cortiço”, que é uma análise de Luiz Antonio Ferreira, traça
bem não só estas características, como também nos chama a atenção para a
exploração que existia na sociedade (e ainda hoje), e traça um paralelo entre o
poder e as relações sociais, discorrendo sobre as diferentes formas de
exploração, observando também que não há respeito pelo ser humano.
Podemos perceber que o desejo de
possuir acima de tudo, com o único intuito de acumular para si, utilizando de
todos os mecanismos para enriquecer, éticos ou não (caracterizando seu desvio
de conduta), é extremamente evidenciado na personagem João Romão. Afastando-se
da moral, adquire cada vez mais um caráter doentio.
E o romance termina com uma grande crítica aos
movimentos abolicionistas da época, final este que, não contaremos aqui, é
claro, mas que vale a pena matar a curiosidade desfrutando de cada trecho desta
clássica obra, que infelizmente, ainda reflete muitas disparidades ainda
vividas em nossa sociedade.
ATIVIDADE
1)
Leia a resenha
crítica abaixo e responda as questões:
O Poço
Novo filme da
Netflix utiliza elementos de horror gore, mas tem muito mais a dizer do que
apenas assustar
“Existem três tipos de pessoas. As de cima, as de baixo e as que
caem”.
Não há melhor frase em O Poço para
iniciar a fábula sádica que é o filme. Em tempos que vivemos um distanciamento
social, não só por diferenças políticas, mas também pela já conhecida estrutura
socioeconômica que afasta cada vez mais a população de um país que batalha por
mais igualdade, é de se parabenizar a Netflix por nos dar acesso a uma obra que
retrata, de maneira abstrata, nosso mundo de uma maneira tão assustadora quanto
atual.
Situado dentro de uma prisão vertical conhecida como O
Poço, o longa é protagonizado por Goreng (Ivan Massagué, brilhante no
papel), um homem que faz por conta própria a escolha de ir para o local com o
intuito de parar de fumar. Lá dentro, ele conhece o velho Trimagasi (Zorion Eguileor),
seu “companheiro de cela”. Há meses na prisão, o ancião explica para o jovem
como funciona o dia a dia: não há contato com a luz do sol e nem tempo para
esticar as pernas e se exercitar do lado de fora. A única ação que ambos têm
durante todo o tempo é esperar por uma plataforma de comida que se move para
baixo entre os andares todos os dias. Como Goreng e Trimagasi estão no nível 48
do Poço, eles precisam aguardar que os dois presos em cada um dos 47 níveis
acima se alimentem até que os restos cheguem ao seu andar.
Preparado
no nível zero, o luxuoso banquete fica em todos os níveis por apenas dois
minutos antes de descer para o próximo. Nenhum preso pode segurar restos
consigo, com o perigo de receber punição. Conforme o tempo passa, Trimagasi
explica para o protagonista que nem sempre eles terão com o que se alimentar e
que os presos dos andares de cima pouco se importam com quem está abaixo. O
único alento, e também o maior medo de quem vive no Poço, é que a cada 30 dias
as duplas trocam de lugar aleatoriamente. Quem está no nível um pode ir parar
no 147, e quem está no 147 pode ir para o nível um. Essa dinâmica força com que
todos os presos passem pelas mais diferentes situações, o que em alguns casos
pode significar atingir o limite que um ser humano pode chegar ao tentar manter
a sanidade passando muita fome.
Mesmo
em sua estreia como diretor de longa-metragem, Galder Gaztelu-Urrutia surpreende
com uma narrativa que usa elementos de filme de horror gore para dissecar a
estrutura socioeconômica que vivemos perante o capitalismo. É uma metáfora
sobre os terrores desse sistema, onde cada indivíduo se debulha durante o seu
tempo no topo, enquanto as massas invisíveis no fundo se comem vivas.
Durante
sua experiência, Goreng percebe que ninguém é beneficiado na prisão, mas quase
todos resistem obstinadamente às mudanças, incentivando cada indivíduo a comer
o máximo que puder enquanto estiver em situação favorável. Nem mesmo o conselho
de Imoguiri (Antonia San Juan), uma de suas companheiras, abre
os olhos do protagonista em meio ao caos. “Somente uma solidariedade espontânea pode
trazer mudanças”, ele escuta. Se todos se alimentassem com o que
apenas foi reservado para si, haveria comida para todos. Mas como fazer essa
mensagem ser notada quando quem tem em abundância apenas quer mais, enquanto os
que não têm nada vão se transformando em canibais?
Mesmo
que sua mensagem seja mais parecida com o que observamos em filmes como Parasita e O Expresso do Amanhã,
de Bong Joon Ho, e Você Não Estava Aqui, de Ken Loach,
Urrutia não se contém na hora de chocar em cenas que deixariam qualquer fã da
franquia Jogos Mortais orgulhoso.
De
fato, O Poço é um filme de terror com muito mais a
dizer do que apenas assustar. Há uma eficiência brutal na narrativa,
impulsionando-nos rapidamente para cima e para baixo do prédio vertical,
forçando-nos a testemunhar muitos horrores. Requer um estômago forte,
especialmente quando vemos o que acontece nos níveis mais baixos, mas o fato de
existir uma ideia maior faz com que a trama continue a evoluir à medida que o
filme avança. Por mais que seja sombrio, o longa se move com uma velocidade tão
feroz que nos deixa ofegantes quando compreendemos quão ruim as coisas podem
ficar.
O
final ambíguo pode não satisfazer por não parecer o que muitos estavam
esperando – e nem deveria. Para um filme que retrata de maneira grotesca a opressão
do sistema em que vivemos, ainda há momentos de alívio. O Poço é uma
produção escapista para quem quer se sentir imerso dentro de uma ficção de
qualidade, mesmo que suas loucuras sejam tão incrivelmente parecidas com a
nossa realidade.
Questões:
a) Você conseguiu
compreender o tema abordado na resenha?
b) Considera que foi
uma leitura fácil? Justifique sua resposta
c) Qual é o assunto
abordado no filme?
d)
Através da leitura da resenha, é possível dizer de que forma o filme
critica a sociedade?
e)
Qual é o objetivo do filme?
f)
Qual é objetivo do texto?
g)
A que tipo de público o filme se dirige?
h)
Você ficou curioso para assistir ao filme? Justifique.
i)
No texto é possível identificar informações técnicas do filme.
Responda: Quem foi o diretor da obra? em que plataforma digitaL o filme pode
ser encontrado? Por quem o longa metragem é protagonizado? A que outros filmes
o texto compara “O Poço”?
2)
Elabore uma resenha crítica do último filme que você assistiu.
Referências:
PACHECO, Mariana do Carmo. "Diferenças entre resenha
crítica e resumo"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/redacao/diferencas-entre-resenha-critica-resumo.htm.
Acesso em 17 de maio de 2020.
https://falauniversidades.com.br/resenha-pantera-negra/
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